domingo, 27 de julho de 2008

Livros-e na forja brasileira

O jornalista brasileiro Berto Filho sobre os livros electrónicos no Youtube:

Certo. Mas:

O livro-e não dispensa totalmente as despesas de armazenagem e distribuição e não é certo que saia mais barato.

As editoras electrónicas têm despesas com o alojamento dos ficheiros, e estão sujeitas a limites de tráfego dos servidores, para além de todas as outras despesas de manutenção dos sítios na Internet.

As editoras digitais internacionais (caso da Mobipocket) vendem os livros-e ao mesmo preço que as edições em papel. Para espanto e revolta dos leitores!

Quanto às vantagens ecológicas, essas ainda não estão suficientemente estudadas. Sendo certo que os livros-e não envolvem o abate de árvores para a produção de papel, são necessariamente lidos em aparelhos electrónicos (computadores ou dispositivos portáteis), fabricados com componentes altamente tóxicos.

Berto Filho aponta algumas das maiores vantagens dos livros-e:

1. podem ser permanentemente actualizados (o que é particularmente útil em livros técnicos de Direito ou Informática);

2. o autor pode incluir na sua obra hiperligações para outras páginas, que funcionarão como «poços de petróleo» que nos permitem chegar a recursos inesgotáveis; e

3. permitem uma restruturação completa do conceito de livro: ao texto é possível somar imagens, vídeos e sons...

Em tudo isto, Berto Filho está coberto de razão.

Espero que a Editrônica que nos promente não use o formato PDF e muito menos GDD.

sábado, 26 de julho de 2008

Grafemas, fonemas e desacordos

Sobre o Acordo Ortográfico, posição: sou globalmente a favor.

Defendo uma uniformização total na forma de grafar as palavras, quando tal seja possível. Isso implica um meio-termo entre a norma brasileira e a norma portuguesa.

Entendo, contudo, que o Acordo, mesmo antes de entrar em vigor, já está desactualizado. Para além de deixar muito a desejar. Foi, note-se, assinado antes do advento da Internet.

Sou contrário às ortografias alternativas ("fémea"/"fêmea", "eletrônico"/"eletrónico") e defendo que deveria escrever-se simplesmente "femea"/"eletronico" ou "fëmea"/"eletrönico"; sou contrário a que "pára" e "para" passem ambos a escrever-se "para", do mesmo modo que deveria ser repristinada a antiga ortografia "fórma/fôrma"; e considero as regras de hifenização confusas.

Concordo, no entanto, que se continue a escrever "facto" em Portugal e "fato" no Brasil (como dita o Acordo). Neste caso, é impossível conciliar as ortografias.

Estou certo que uma ortografia mais unificada permitirá poupar horas de trabalho a quem tem de converter textos do século XIX para o portugês moderno.

Com o aumento de obras nas bibliotecas digitais (que se prevê exponencial nos próximos anos) as quais, por razões de direitos de autor, usam exemplares com ortografias muito antigas, torna-se necessário agilizar o processo de actualização ortográfica.

Ora, criar uma versão actualizada para a ortografia brasileira e outra para a portuguesa é moroso e não tem qualquer eficácia em termos de aproveitamento de tempo.

Veja-se A Cidade e as Serras de Eça de Queirós antes e depois:

Pertence no Brazil o direito de propriedade d'esta obra ao cidadão Francisco Alves, livreiro editor no Rio de Janeiro, que, para a garantia que lhe offerece a lei n.º 496 de 1 d'Agosto de 1898, fez o competente deposito na Bibliotheca nacional, segundo a determinação do art. 13.º da mesma Lei. [ortografia de 1901]

Pertence no Brasil o direito de propriedade desta obra ao cidadão Francisco Alves, livreiro editor no Rio de Janeiro, que, para a garantia que lhe oferece a lei n.º 496 de 1 de Agosto de 1898, fez o competente depósito na Biblioteca Nacional, segundo a determinação do art. 13.º da mesma Lei. [ortografia de 2008, vigente em Portugal]

Pertence no Brasil o direito de propriedade desta obra ao cidadão Francisco Alves, livreiro editor no Rio de Janeiro, que, para a garantia que lhe oferece a lei n.º 496 de 1 de agosto de 1898, fez o competente depósito na Biblioteca Nacional, segundo a determinação do art. 13.º da mesma Lei. [ortografia de 2008, vigente no Brasil]

Convido o leitor a perder tempo a encontrar as diferenças e a imaginar o tempo necessário para produzir os ficheiros.

Considero os argumentos nacionalistas portugueses ridículos, tanto quanto os argumentos populacionais brasileiros.

Lamento que Portugal tenha ido ao longo dos tempos fazendo reformas ortográficas sem ouvir o Brasil, o mesmo lamentando do Brasil. Lamento que Portugal ainda não tenha aplicado o acordo nem avance uma data para tal (ver PUBLICO).

Em suma: numa época em que um cidadão médio navega por milhares de páginas na Internet e tanto se depara com textos oriundos do Brasil como de Portugal, considero que a confusão e a dualidade de grafias deve ser reduzida ao mínimo.


Edição: Três dias depois da redacção desta mensagem, foi publicado no Diário da República de Portugal (1.ª Série, n.º 145, de 29-07-2008), o Decreto do Presidente da República n.º 52/2008, que ratificou o Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico, aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008.

Da pequenez da CPLP e da imensidão de uma biblioteca digital comum

A CPLP é das instituições nas quais coloco as maiores expectativas e da qual menos resultados concretos tenho visto. O que talvez se justifique com as realidades socioeconómicas dos seus membros, nomeadamente os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e Timor-Leste.

Estes países têm, compreensivelmente, questões mais graves com as quais se preocuparem: convulsões sociais internas (em alguns casos, com conflitos armados) e elevadíssimos índices de pobreza.

Tudo isto se revela na pouca importância que os próprios Estados dão à CPLP. A Conferência de Chefes de Estado e de Governo, o seu órgão máximo, por exemplo, apenas reúne de dois em dois anos. (Nos próximos dois, presidirá à Organização o Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva.)

Já o seu Conselho de Ministros reúne anualmente.

Tudo isto é muito pouco…

Portugal vive mais preocupado com a União Europeia; o Brasil com o Mercosul; os PALOP com a União Africana e a ONU; e Timor-Leste com a Austrália.

Portugal e Brasil têm uma tendência para o desentendimento no que toca a questões da Língua. Cada país se apropria dela (um, porque é o seu fundador, outro porque é o que detém mais cidadãos que a falam).

Alguns PALOP vêm no Português mais uma marca histórica do que uma realidade quotidiana. Não só a conversa diária é feita no dialecto local como, em alguns casos, a penetração de outras línguas (caso do Francês ou do Inglês) se vai tornando uma realidade.

A estratégia do Brasil assenta em divulgar e promover fortemente o Português na Internet (muitos sítios públicos e privados, com muitos conteúdos, tais como o Portal Domínio Público).

Portugal, por seu turno, não sabe o que fazer do Português. Vai enviando alguns professores para os PALOP e mais uns quantos para outros países. Tem um Instituto Camões que faz corar de vergonha qualquer português que o compare com o congénere espanhol, o Instituto Cervantes. A isto se resume a sua estratégia.

Com um Camões em rota (previsível) de reestruturação e o anúncio do governo de Portugal de um plano estratégico para o ensino do Português no estrangeiro (ver jornal PUBLICO) talvez venhamos a assistir a uma possível (e desejável) colagem de modelos como o do Cervantes que, a par de uma intensa actividade de divulgação cultural, espalha um autêntico exército de professores de Castelhano por todo o Mundo, criando centros internacionais para leccionação e reconhecimento de cursos.

O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, sugere que uma das formas de dar maior expansão ao Português é a criação de uma "biblioteca comum online" (ver jornal PUBLICO).

Não podia estar mais de acordo.

Considero, contudo, que a criação de uma biblioteca poderosa que congregue esforços de todos os países da CPLP envolverá discussões para as quais o governo Português talvez não esteja preparado. Nomeadamente… financiamento. E… sabedoria.

Por exemplo, a Biblioteca Digital Nacional de Portugal encontra-se praticamente estagnada por falta de financiamento (?). As digitalizações de obras foram congeladas (?) e as existentes deixam muito a desejar. Possuem uma resolução insuficiente para se fazer um simples OCR e as imagens de alta resolução não são fornecidas aos utilizadores, que têm de pagar somas avultadas se as pretenderem. É deste tipo de biblioteca comum que falamos?

Ou falaremos numa biblioteca do tipo Portal Domínio Público brasileiro? Com ficheiros em PDF que dificultam imenso a sua conversão para outros formatos e dispositivos de leitura… Mas que congrega milhares de clássicos em domínio público, produzidas por voluntários.

Ou referimo-nos a algo do género da Biblioteca Digital Nacional do Brasil, na qual são necessários programas especiais para se poder aceder às imagens dos livros?

Ou a um modelo semelhante à Biblioteca Virtual do Estudante da Língua Portuguesa, virada para o ensino e com preciosos materiais didácticos?

E como conciliar uma biblioteca digital lusófona com a Biblioteca Digital Mundial (da qual o Brasil é o único parceiro lusófono) e a Biblioteca Europeia (futura Europeana) sem que haja duplicação de esforços na digitalização das mesmas obras?
Que especificações serão usadas nas digitalizações? as Minerva?

As Universidades e bibliotecas locais irão aderir? digitalizarão os seus acervos?

Questões às quais não me proponho responder mas às quais decerto irei tendo a oportunidade de deixar modestas sugestões.

Língua declarada

Fecharam-se as portas da 7ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa – CPLP (Lisboa, Portugal, Julho de 2008). Ficam várias declarações e promessas.

Com a “DECLARAÇÃO SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA” (Lisboa, 25 de Julho de 2008) a Conferência de Chefes de Estado e de Governo, composta por Brasil (Lula da Silva), Cabo Verde (Pedro Pires), Guiné-Bissau ("Nino" Vieira), Portugal (Cavaco Silva), São Tomé e Príncipe (Fradique de Menezes), Timor-Leste (Ramos-Horta), o primeiro-ministro de Angola (Fernando da Piedade “Nandó”) e ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique (Oldemiro Balói), os membros da CPLP acordaram:

A sua actuação conjunta no processo de efectiva mundialização da Língua Portuguesa, nomeadamente, através:

a. Do apoio à introdução da Língua Portuguesa em Organizações internacionais, regionais ou agências especializadas, bem como à sua utilização efectiva em todas aquelas Organizações onde o Português já constitui língua oficial ou de trabalho;
[Que é como quem diz: assegurar que o Português se torna numa língua de trabalho na Organização das Nações Unidas, na União Europeia, na União Africana e no Mercosul, dominadas pelo Inglês, Francês e Castelhano. Boa sorte!]

b. Da coordenação de esforços na formação de tradutores e intérpretes e implementação de tecnologias da informação e comunicação ao serviço da tradução e interpretação;

[Que é como quem diz: desenvolver programas de computador para tradução automática. Será necessário competir com os gigantes Babylon e Systran. Uma boa ideia seria criar um programa de código aberto, que recolha o contributo de voluntários os vários países da CPLP, nomeadamente os talentos que se escondem nas Universidades.]

c. Da concertação de programas comuns para o Ensino do Português como Língua Estrangeira, com a criação de uma rede de professores certificados dos Estados-Membros da CPLP e a difusão dos sistemas de certificação do Português como Língua Estrangeira;
[Que é como quem diz: cada país da CPLP envia actualmente de modo autónomo para a China ou para a África do Sul os seus próprios professores, que leccionam de acordo com o programa do seu país de origem. Isto gera incoerências no ensino da Língua. É uma boa ideia, mas que deixo aos professores para comentarem.]

E ainda:

O seu compromisso na concertação de programas que promovam, na cena internacional, o valor cultural e económico do Português, designadamente através de projectos comuns suportados pelas tecnologias de informação e comunicação.
[Que é como quem diz: a CPLP acordou agora para uma realidade que o Brasil já tinha vislumbrado há algum tempo – se o Português for uma língua conhecida internacionalmente, haverá um maior interesse pela literatura lusófona (ganham os autores e os editores), pelo cinema lusófono (ganham os actores, argumentistas, realizadores, técnicos,…), pelos programas informáticos lusófonos (ganham os programadores, as empresas de informática,…). Uma boa ideia seria a criação de uma biblioteca digital poderosa, tema a que voltaremos mais tarde.]

E mais:

O seu regozijo pela futura entrada em vigor do Acordo Ortográfico, reiterando o compromisso de todos os Estados membros no estabelecimento de mecanismos de cooperação, com vista a partilhar metodologias para a sua aplicação prática.
[Que é como quem diz: a CPLP regozija-se por um Acordo Ortográfico que, espera, está prestes a entrar em vigor. Isto apesar de a maioria dos países não ter procedido aos instrumentos de ratificação necessários e de a CPLP pouco ter feito por isso. Em Portugal, um grupo significativo de cidadãos organiza petições e protestos contra o que considera ser uma rendição à forma de escrever brasileira. Não há muitos motivos para regozijo…]

Sem esquecer:

A necessidade de medidas concretas relativamente ao compromisso da desejável unificação do vocabulário científico e técnico em Língua Portuguesa.
[Que é como quem diz: evitar que o Brasil incorpore anglicismos como escaner, acessar e mídia, enquanto Portugal se preocupa em manter vocábulos com digitalizador, aceder e media. Já para não falar nos hormônios e hormonas. Com o surgimento em catadupa de novas tecnologias, nomeadamente ligadas à informática, e o predomínio da cultura anglo-saxónica, cada autor e cada país tem traduzido manuais de utilizador, programas de computador e tutoriais como muito bem entende, sem se preocupar com o que se faz do outro lado do Atlântico. O que uns qualificam de diversidade linguística, eu qualifico de confusão descabida, que baralha os aprendizes da língua, retira uniformidade à produção científica e a torna desconexa para investigadores e utilizadores comuns.]


Já com a “RESOLUÇÃO SOBRE O INSTITUTO INTERNACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA” (Lisboa, 24 de Julho de 2008), o Conselho de Ministros da CPLP decidiu:

1. Recomendar ao Comité de Concertação Permanente para, em estreita colaboração com o IILP, proceder a uma profunda reavaliação do funcionamento do IILP, nomeadamente da adequação dos instrumentos jurídicos existentes e da estrutura, financeira e de recursos humanos, em função dos seus objectivos, para apresentação ao XIV Conselho de Ministros [em 2009];
[Que é como quem diz: o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), com sede em Praia, Cabo Verde, é a instituição da CPLP que tem como objectivos a planificação e execução de programas de promoção, defesa, enriquecimento e difusão da Língua Portuguesa. Em 2008, funcionou com um orçamento de 183.230 Euros, fornecido directamente pelos países da CPLP em diferentes proporções. Uma verba irrisória, indigna de um Instituto com a sua missão. Muito gostaria de dar mais informações sobre o IILP, mas a navegação na sua página na Internet é impraticável…]
2. Encorajar o IILP a prosseguir na elaboração do Plano Estratégico para a Gestão Internacional da Língua Portuguesa, instando, igualmente os Estados membros a conferir um maior envolvimento do IILP na elaboração e execução das suas políticas de língua;
[Que é como quem diz: ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa ficará entregue a missão de apresentar uma proposta estratégica mundial para o Português. Como se articulará a sua estratégia com a dos organismos nacionais? Nomeadamente numa altura em que se pensa numa reestruturação profunda do Instituto Camões.]

E com “RESOLUÇÃO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE BENS CULTURAIS” (Lisboa, 24 de Julho de 2008) o Conselho de Ministros da CPLP decidiu:

Recomendar à Reunião de Ministros da Cultura da CPLP, em estreita coordenação com os serviços nacionais competentes, a negociação, até à VIII Conferência de Chefes de Estado e de Governo [em 2010], de um acordo, com base nos acordos actualmente vigentes nos respectivos espaços de integração regional, que estabeleça normas e critérios definidos para a facilitação da circulação de bens culturais produzidos por cidadãos dos Estados membros, possibilitando assim uma maior integração cultural entre os seus povos.
[Que é como quem diz: devem ser facilitados os processos de concessão de vistos a artistas lusófonos que se pretendam deslocar a outros países da Comunidade, bem como as burocracias alfandegárias na entrada de objectos de arte, equipamentos musicais, cenários,…]

Mais tarde deixarei algumas breves reflexões...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Pergaminhos da Bíblia por fibra óptica

Manuscritos da Bíblia em Grego Antigo estarão já hoje disponíveis em http://www.codex-sinaiticus.net/.

O projecto visa reunir e disponibilizar para todo o Mundo digitalizações de todo o Codex Sinaiticus. Escrito há mais de 1600 anos, O Codex inclui a mais antiga cópia completa do Novo Testamento conhecida.

Terá de saber Grego Antigo para perceber os escritos originais, embora o sítio prometa traduções em Alemão e Inglês.

É o mais próximo que alguma vez poderá estar dos manuscritos, que se encontram muito bem protegidos nos cofres-fortes da Biblioteca Britânica, da Universidade de Leipzig, da Biblioteca Nacional da Rússia e do Mosteiro de Santa Catarina no Sinai.

Clips de Livros

O LivroClip pretende cativar o interesse pela leitura. O sítio apresenta animações de vídeo para várias obras, de uma forma descontraída e pedagógica. Está pensado para estudantes mas também tem interesse para os leitores mais velhos.

Assim se pode chamar a atenção para o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco:



Assumindo-se como uma “livropédia”, o sítio mostra como é possível fazer publicidade aos velhos clássicos.

Creio que está criado o embrião para verdadeiras traillers para livros, à semelhança do que acontece no mundo do cinema para os filmes.

Veja a animação com mais detalhe e experimente clicar em “Quero Ler a Obra”.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O endireita ortográfico

Edson Athayde, o mais português dos publicitários brasileiros, lançou O Endireita, o primeiro livro de ficção que segue as normas do novo Acordo Ortográfico para a Língua Portuguesa.

Athayde disponibiliza o seu livro gratuitamente na Internet. Para o ler, é necessário ter instalado o programa Adobe Flash Player. Clicando nas páginas virtuais, pode ir-se folheando a obra e espreitando o texto seguinte. Também está disponível uma versão em PDF, que pode ser livremente descarregada. 27 páginas.

Em declarações atrasadas ao jornal PUBLICO, o autor questionava "Qualquer autor mesmo que venda bem ganha pouco. E os livros nunca estão disponíveis para os próprios autores. Os livros saem logo dos catálogos. Temos de pedir, encomendar, podem esgotar, são coisas que não controlamos. Mas se a tecnologia permite ultrapassar estes problemas, porque é que eu tenho de viver isso?"

Athayde parece aderir à nova filosofia de alguns autores que sentem que a indústria editorial talvez já não mereça deter o monopólio daquilo que é publicado. A Internet permite a qualquer autor criar o seu próprio site e disponibilizar o seu livro gratuitamente e até mesmo recolher dinheiro de doações, publicidade ou pagamentos directos dos leitores.

O que o autor não teve em conta foi o facto de o seu livro só ter a ganhar se fosse disponibilizado igualmente em formatos mais abertos. O Epub teria sido uma boa escolha, ou o HTML.

Ganhou no entanto em grafismo, a sua opção. É curioso o modo como, num ambiente totalmente digital, pretende simular o folhear de um livro em papel. Imagem já um pouco gasta mas, no caso concreto, bem conseguida.

Quanto à escolha da nova ortografia... merece nota positiva do Ler Digital. Já muitas vezes nos manifestámos a favor do Acordo Ortográfico, apesar de o acharmos imperfeito.

domingo, 13 de julho de 2008

LEYA e U. de Coimbra no Google

O Google vai contar com a colaboração do Grupo LEYA e da Universidade de Coimbra para aumentar o seu acervo de livros electrónicos no Google Book Search.

O Google Book Search (GBS) funciona como motor de busca dedicado aos livros, alojando milhares de obras em domínio público e excertos de obras protegidas por direitos de autor.


Desde a sua fundação, em 2004, o GBS contou com a parceria das principais bibliotecas universitárias norte-americanas, como Harvard, Oxford e Standford, e ainda da Biblioteca Pública de Nova Iorque, que forneciam os livros para que o Google os digitalizasse.


Até aqui, nenhuma entidade pública portuguesa se tinha associado.


A adesão da Universidade de Coimbra ao projecto vai permitir fornecer gratuitamente a todo o Mundo tesouros literários como, por exemplo, os que estão esquecidos nas estantes da Biblioteca Joanina.


Os livros fornecidos pela Universidade de Coimbra estarão em domínio público e poderão ser lidos na íntegra.

Já as editoras do grupo LEYA representam aquilo que de melhor se publica em Portugal. Incluem autores como Saramago e Lobo Antunes e editoras como a ASA, a Caderno, a Caminho, a Dom Quixote, a Gailivro, a Livros d'Hoje, a Lua de Papel, a Ndjira - Moçambique, a Nova Gaia, Nzila - Angola, a Oceanos e a Texto.


Os livros fornecidos pelas editoras do grupo LEYA estarão protegidos por direitos de autor e apenas será possível ler excertos.


O objectivo do Grupo LEYA é promover os seus autores. Quando um utilizador efectua uma pesquisa, é levado para página digitalizada do livro. Cada página contém links que permitem aos utilizadores comprarem o livro online. Nas pesquisas, os utilizadores poderão também visualizar anúncios do Google Adwords devidamente segmentados. Os editores receberão uma parcela das receitas geradas a partir dos anúncios exibidos.


Até agora, apenas a portuguesa Centro Atlântico se tinha aventurado.


O Google Book Search representa aquilo com que os amantes de livros electrónicos sempre sonharam: milhares de livros online. No entanto, desde o início que foi marcado pela polémica em torno das questões dos direitos de autor.


Hoje, o GBS representa para alguns a monopolização por uma entidade privada de todo o conhecimento e património cultural da Humanidade, com os efeitos nefastos que daí poderão advir. O Google terá no seu poder recomendar livros em detrimento de outros. Algo que preocupa Siva Vaidhyanathan, especialista em media e historiador da Cultura na Universidade da Virgínia, que já fala na "googlização de tudo".



Para mais informações: http://books.google.pt/
Notícias no PÚBLICO: 1 e 2.

Feira Mundial do Livro Electrónico


A Feira Mundial do Livro Electrónico está online em http://worldebookfair.com/ até 4 de Agosto.

Mais de 1 milhão de livros para descarregar, oriundos de várias bibliotecas.
Entre os parceiros, incluem-se o Projecto Gutenberg, o Internet Archive ou o brasileiro EbooksBrasil.org

Dica: Na pesquisa não devem ser usados acentos. Ex: pesquise por "Camoes".

iPhone da Apple

Com o iPhone da Apple prestes a invadir Portugal, abre-se uma nova porta à portabilidade dos livros.

O iPhone, para além de funções de telefone e leitor multimédia, também permitirá ler livros electrónicos. Estão já a surgir vários programas com este fim, numa competição renhida.

O BookShelf permite ler livros nos formatos mais populares (TXT, HTML e MobiPocket).

Mas o que mais promete neste momento é o Stanza, que permite descarregar livros directamente do sítio Feedbooks e suporta .epub (a extensão de um formato aberto que pretende assumir-se como o denominador comum da indústria de livros electrónicos, actualmente dividida entre algumas dezenas de formatos proprietários, incompatíveis entre si).